28 outubro 2008

São Paulo mais feminina!

Não encontro registro em minha memória de uma fotografia tão feminina e delicada de nossa cidade como a que estamos vendo nesta primavera. Sobrepõe-se ao cinza dominante belíssimos ipês roxos e amarelos, agapantos lilás e outras flores e cores, proporcionando um verdadeiro deleite aos olhos. E quando se desprendem, então? Cobrindo o asfalto e as calçadas e de um tapete delicado e colorido... uma maravilha!

25 outubro 2008

E mais coisas irritantes no mundo!

Também vou entrar nessa. Afinal, não só Fernanda Young tem o direito de se irritar!

Me irritam pessoas que acham que ficar triste é uma doença e que a felicidade mora em comprimidos. Ou aquelas que se entopem de plásticas até perderem a referência da própria identidade.

Crianças desgovernadas, gritando no meio do restaurante, enquanto os pais papeiam tranquilamente em suas mesas. Celulares ligados em momentos inoportunos e principalmente seus donos, que não “assumem a culpa” e não correm desligar. Me irrita quem ainda joga papel no chão e não recicla seu lixo. Pessoas grosseiras. E as que não conseguem ser pontuais nunca.

Me irrita quem liga três vezes em seguida. Ou que deixa um recado atrás do outro na caixa postal. Me irritam e-mails de santas, bruxas, correntes, maldições, novenas, piadas e powerpoints “LINDOS!!!! IMPERDÍVEIS!!!! TEM QUE VER!!!!”. Principalmente quando eles congestionam minha caixa postal.

Cigarro me irrita. E me irritam os amigos que nunca se lembram de, ao menos às vezes, pensar em quem não fuma e pedir uma mesa não fumante no restaurante.

Mentiras, desrespeitos, trapaças, preconceitos me irritam.

Me irrita quem só me enxerga por fora. Me irrita não estar cabendo em minhas roupas e, principalmente, não ter o “direito” de me lamentar sem que me olhem feio, só porque ainda estou dentro de “padrões aceitáveis”. Me irrita receber cantada suja na rua. Vocês vão todos nascer mulher um dia e vamos nos vingar!!!!

Me irrita ver que as pessoas não sabem escrever o português. Me irrita ter um presidente que não sabe nem falar o português!

Me irritam os pedestres folgados, sem pressa e ainda olhando feio quando o farol está fechado pra eles! Me irrita quem ocupa 2 vagas na rua. Me irrita o apressadinho, me cortando quando o trânsito vai parar daqui a 10m por meia hora.

Me irritam homens que traem, porque são “espertos”. Me irritam aqueles que pedem seu telefone pra depois não ligar. Me irritam os que somem por não terem coragem de comunicar sua decisão. Os que acham que a única em que pensamos é casar. Ou os que fazem de tudo só pra que você tenha que fazer o “trabalho sujo” e terminar.

Me irrita gente que reclama o tempo todo, que julga sem conhecer, que cuida da vida dos outros. Me irritam minhas vizinhas loucas que, a cada vez que discutem, gritam como duas galinhas se depenando.

Me irrita a droga da taxa de conveniência de 20% sobre qualquer ingresso que você vá comprar. Conveniente pra quem????????

Me irrita a corrupção que assola e atrasa nosso lindo país. Me irrita o rio Tietê no estado que está. Me irrita o fato de tudo ser comprável, manipulável, “resolvível”.

Me irrita o volume de informações que nos afoga atualmente.

Me irrita descobrir em hora inoportuna que não tem papel no banheiro, ou sabonete pra lavar as mãos.

E me irrita saber que as pessoas hoje em dia se irritam por pouco.

23 outubro 2008

outras coisas das mais irritantes do mundo.

Adorei! Também quero, também vou. Listar um montão de coisas que me irritam até não poder mais. É catártico, é delicioso.

Irrita-me demais andar de van e por isto, não ando. Fujo de restaurantes a quilo, igual vampiro do alho. Detesto o esquema, detesto o arroz solto demais e duro demais. Não suporto multidões e nem animações em excesso. Pessoas coletivamente entorpecidas de felicidade, out! Carnaval para mim é uma data que poderia ser abolida. Micareta é do tipo odeio sem nunca ter experimentado.

Irrita-me ter de pagar imposto. Mas me irrito mais ainda com quem não paga. Aliás, me enlouquece quem toma vantagem em cima dos outros. Quem pensa pequeno. Quem trapaceia. Quem tem carteirinha de estudante e não está na escola. Quem compra carro para deficiente só para usar o desconto. Quem pára em vaga de idosos e grávidas. Quem compra falsificações e pirataria.

Irrita-me quando a moça do caixa espera a impressão do boletinho para devolver meu cartão. Eu quero meu cartão para guardar minha carteira na bolsa. O papel vai para o lixo. E quando a vendedora quer ver como ficou a roupa. Xô! Eu escolho. Eu decido se está bom ou não.

Irrita-me quando alguém inicia uma frase dizendo alguma coisa absolutamente hipócrita. Tipo: você sabe que não sou de comentar mas fulana... Fofoca rola. Acontece. E se não for das pesadas, estou dentro. Assuma isto você também e pare com este lenga-lenga.

Irrita-me almoçar falando de dietas e tratamentos estéticos. Tira o sabor da comida, do papo, do almoço todo. Enlouqueço com quem dá palpites na minha vida. Eu só aceito intervenções de quem eu dei espaço para tal. Minha depiladora opinar sobre o medicamento que estou tomando está fora deste escopo.

Irrita-me receber emails com arquivos em pps. E mais ainda textos esdrúxulos atribuídos a Luis Fernando Veríssimo. E este jeito novo de escrever colocando o k no lugar do ca. O x no lugar do ch. Acho que é a idade. Que por sinal também me irrita demais. Trinta é muito – apesar da declaração incrível do Mario Prata. E chega na sexta! Céus! Amanhã. :p

16 outubro 2008

Das coisas mais irritantes do mundo


Ontem me irritou ouvir uma mesa inteira (que eu não conheço) no restaurante da hora do almoço cantar parabens para alguém que eu também desconheço. É muito chato participar do parabéns dos outros sem ter sido convidada. Ao menos se eu ganhasse um pedaço de bolo.

Assim como me irrita gente feliz e expansiva demais quando estou de mau humor de manhã. A menina que trabalha comigo e que fuma um cigarro comigo na hora do meu torpor matinal, que eu estou mais querendo me fechar no mundo e pensar nas minhas coisas. Ela fala alto e quer fazer piadinha sem graça numa hora em que nada tem graça. Isso me irrita.

Me irrita ouvir a amiga com síndrome de Poliana elocubrando teorias mil sobre o último cara que ela ficou. Ela beijou ele uma vez e já está pensando em casar. Meu Deus, alguém pode explicar a ela que nada podemos esperar dos homens, mesmo depois de casadas, nada podemos esperar destas criaturas tão imprevisíveis? Me irrita essa coisa de querer um amor, me irrita essa coisa dela ficar pendurada no MSN, me irrita o papo dela porque ela não tem mais assunto a não ser esse, ele, ele, ele. A paixão é uma coisa irritante, ainda mais a pseudopaixão de gente carente e desesperada prá arrumar um homem. Irrita muito.

Me irrita a outra que fica querendo saber de tudo da minha vida, me irrita gente mascando chiclete de boca aberta, me irrita gente que faz aquelas combinações "a gente podia jantar essa semana, né" e depois nem aparecer e nem ligar e nem dar notícias e me fazendo jantar a comida que eu fiz antes de ontem requentada no microondas.

Me irrita o chefe chegando de manhã cedo com "eu preciso da sua ajuda", enquanto o que eu mais quero durante o meu despertar no escritório é baixar músicas e escrever meus textos. Me irrita o celular me despertando de manhã cedo com "Girls Just Wanna Have Fun" quando de fun o meu dia não vai ter nada.

Me irrita atender o telefone e escutar "poderia por favor falar com a senhorita nome sobrenome", seguido de um "eu tenho uma excelente proposta para a senhora, uma promoção imperdível para assinatura da revista", e eu dizer que não, não quero, e a "telemarketingui" insistir, insistir, insistir. Me irrita demais me insistirem para fazer algo que não quero.

Me irrita o silêncio das pessoas quietas demais, elas me fazem sentir na obrigação de prover assuntos interessantes e de animar aquele silêncio por alguns instantes. Me irrita esta sensação de ter que ser a boba da corte da vez.
Assim como me irrita a faxineira que fala demais, me irrita ter que ligar para casa para dar um recado para ela e ela desembestar a falar. Me irrita ter que ouvir ela falar de como o cachorro dela é inteligente, me irrita ouvir ela reclamar que eu esqueci de comprar Candida, me irrita ela me avisar que o varal está quebrado e que eu preciso consertar. Me irrita ela me perguntar se eu estou namorando, e eu dizer que não, e ela me falar "como pode, uma moça tão bonita e tão inteligente e tão, e tão, e tão... não ter namorado?".

Gente com pena da minha solteirice me irrita.

Me irrita gente que só reclama da vida, quando de ruim a vida delas não tem nada. Elas não percebem que poderiam estar muito mais na merda do que na realidade estão.

Me irrita que depois dos 30 tudo o que eu como, até a folha de alface a mais, vai para a minha cintura. E depois prá perder, é um sacrifício. Fazer dieta me irrita.

Me irrita gente que quer ser intelectual demais, me irrita gente que quer ser executiva demais. Tenho pena destas pessoas irritantes que estão vendo a vida passar dentro de um escritório, que não aparecem prá tomar uma cerveja porque "estão em um projeto muito importante", que quando vão tomar cerveja com você ainda respondem emails no Blackberry, que só falam em business, business, business, clichês corporativos, termos irritantes em inglês, dinheiro, lucro, EBITDA, Balanced Scorecard e o cacete a quatro. Isso é muuuuito irritante.

Me irritam as longas divagações de bêbados. Me irrita o pessoalzinho que quer fumar um e fica enchendo o saco para eu fumar também. E me irrita ter que dar satisfações toda vez que isso acontece de que eu odeio maconha e que essa coisa fedorenta me faz sentir a mais retardada das criaturas. Me irritam as rodinhas de violão, me irrita muito o Legião Urbana e o ser mais irritante dos irritantes, o Renato Russo com suas filosofias baratas.

Quanto mais o tempo passa, mais coisas me irritam, e mais me permito ficar irritada.
E gente irritada demais me irrita também.
É ótimo apertar a tecla foda-se de vez em quando.

10 outubro 2008

As mulheres de 30

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.

Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?

Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!

A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo.

A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.

Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.

O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.

A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?

Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.

São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam. Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'. Ponto. Pra elas.

[Por Mário Prata]